Fã de carteirinha!

Sou fã de cinema. Poderia ir duas, três vezes por semana! Aproveitamos para ver alguns filmes que estão em cartaz, mas não apenas os filmes franceses. O que é interessante é que a maior parte dos cinemas exibe filmes dublados em francês. No cinema de Antibes, os filmes em VO (versão original) só passam em determinados dias e horários. Isso acontece em poucos países. Interessante, mas se você não consegue entender francês muito bem, as sessões podem ficar bem “restritas” para você.
Outra curiosidade no campo linguístico é que, em uma livraria, encontrei um dicionário de “brasileiro”. Há também ofertas de trabalho para tradutores que falam português com a seguinte observação: tradutores de português (de Portugal). Brasileiro? Essa língua não!
Uma grande amiga, leitora fiel do meu blog, me escreveu outro dia:
“passeando aqui nos sites, acho que dessas suas "andanças" você pode dizer que:melhorou seu inglês, conheceu novos amigos, aprendeu algumas sobre os antigos, reviveu a França, aprendeu outras e outras e outras culturas, conheceu novos lugares, pode rever alguns amigos que moram longe.Acho que quando a gente está longe, reflete melhor sobre a nossa vida, propósitos, desejos, e aprende mais sobre nós mesmos e CARACA um álbum de fotos MAGNÍFICO, MARAVILHOSO, EXTRAORDINÁRIO... rsrrs (sim tudo isso pq estava xeretando suas fotos hahha) etc, etc, etc...Não sei se você sabe dizer o que é o melhor, mas muita aventura e histórias boas pra contar não???E ainda estou aprendendo um monte de coisas hehhe...”
Nossa! Obrigada pelos elogios! Adorei também os comentários.
Realmente, quando tomamos uma certa distância da “nossa casa”, construimos um olhar diferente sobre tudo e todos. É um crescimento em relação a absolutamente tudo!
Nesses últimos dias agitadíssimos aqui na França, trabalhando com filhos de imigrantes e agora com estrangeiros, aprendi mais e mais!
De outras culturas, aprendi que os chineses são menos convencionais que os franceses. Também acham estranho a necessidade de marcar horário para coisas relativamente simples e rápidas. Por exemplo, por aqui, é preciso marcar horário para abrir uma conta bancária. Sabia disso?
O que é mais curioso no Banco, é depositar uma quantia de dinheiro que não é exata. Isto é, dou 20 euros para o caixa e peço que deposite 15 na minha conta. Primeiro o funcionário faz questão de me dizer que está trocando o dinheiro, me passa as notas e pede os quinze euros para o depósito em seguida. Não é permitido o “troco”?! Aqui você também não poderá depositar dinheiro na conta de uma pessoa. Certa vez precisávamos fazer o depósito para o aluguel do apartamento. Só em cheque ou transferência.
Ainda sobre os chineses, aprendi que adoram tomar sopa de pomba e não compreendem que os bichinhos possam passear calmamente nas ruas sem que alguém os pegue (para jogá-los na panela)! Aprendi também que existe o QQ – messenger chinês. Os alunos querem estudar na Universidade. Eles são gracinhas, alegres e comunicativos.
Aqui, no “Velho Continente”, aprendi ainda que muitos dos problemas se repetem, contrariamente a tudo o que imaginamos. Outro dia escutei na rádio que várias operadoras de telefonia lideram o ranking de reclamação por causa de suas cobranças indevidas e falta de informação correta sobre os serviços prestados...Por acaso, isso faz você lembrar de alguma coisa?
Aprendi que a escola pública francesa têm sérios problemas, muitos deles tão graves quanto os do Brasil! Que desde cedo, é imperativo escolher sua profissão e “praticamente morrer com ela”! É difícil fazer outra faculdade ou mudar completamente de vida. Uma certa segurança, mas também uma certa rigidez...
Enfim, comparando os jornais brasileiros e os jornais franceses ou mesmo ingleses, sinto que o Brasil é um país muito jovem mesmo e tudo está “por fazer”. Reitero sim que o brasileiro precisa ser mais amoroso com seu país. Não nos damos conta de várias coisas enquanto não conhecemos outros lugares. Não conseguimos “vender” nosso país como ele merece e não é à toa que muitos estrangeiros que visitam o país não querem mais voltar para casa!
Certa vez uma francesa me disse: “aqui tudo está pronto, não há mais espaço para construir”. Hoje, somente hoje, compreendo seu comentário.